Nick Szabo destaca riscos legais que afetam o Bitcoin
Nick Szabo, o criador do ‘bit gold’, levantou uma questão importante sobre o futuro do Bitcoin e das criptomoedas: o risco jurídico que elas enfrentam à medida que se expandem para além do uso monetário. Recentemente, ele conversou com João Paulo Mayall, conhecido por ter fundado o primeiro ETF de Bitcoin no Brasil, e juntos exploraram esses desafios.
Szabo está de volta ao debate nas redes sociais após um tempo afastado e, ao contrário do que muitos especialistas pensam, ele fez uma defesa da versão do Bitcoin chamada Bitcoin Knots durante uma discussão sobre a última atualização do Bitcoin Core.
Em seus comentários, Szabo destacou como as atualizações podem abrir portas para processos legais. Para ele, o anarcocapitalismo pode parecer uma ideia inspiradora, mas a realidade é que as criptomoedas exigem um nível de confiança, ou, na visão dele, são “trust-minimized”. Cada criptomoeda tem um ponto vulnerável que pode ser explorado por governos ou empresas para interromper suas atividades.
No caso do Bitcoin, Szabo acredita que os desafios legais que surgem no âmbito financeiro são mais fáceis de gerenciar, especialmente pela descentralização da moeda e o suporte de especialistas em direito financeiro. Mas a situação muda quando o Bitcoin é utilizado para outros propósitos, como armazenar dados. Isso acontece, segundo ele, pela falta de especialistas que compreendam as nuances legais nesse assunto.
Ele até fez uma analogia para deixar isso mais claro: “Achar que o Bitcoin é um canivete suíço anarcocapitalista que pode resistir a qualquer ataque governamental é um erro.”
No debate, Mayall trouxe à tona um paralelo interessante, comparando o Bitcoin ao cristianismo. Ele mencionou que após Constantino legalizar o cristianismo, a adoção aumentou de 10% para cerca de 50%. Hoje, a adoção de criptomoedas gira em torno de 7% a 8%, chegando a 15,5% nos Estados Unidos. Isso gerou questionamentos sobre se os reguladores estarão mais inclinados a permitir sua adoção, em vez de dificultá-la.
Szabo, por sua vez, destacou a presença de várias “entidades concorrentes” que têm interesses divergentes em relação às criptomoedas, o que complica ainda mais essa questão.
Problemas de Traduções em Economia
Em outra parte da conversa, João Paulo Mayall abordou um tema polêmico: os erros de tradução em livros sobre economia, especialmente na Escola Austríaca. Ele citou um exemplo onde um texto original de 26 palavras foi traduzido para 62, saindo do contexto e criando confusões conceituais, como o uso do termo “store of value”.
Ele questionou quantos outros exemplos desse tipo existem nas traduções sobre a Escola Austríaca e se isso compromete a compreensão das ideias originais. Mayall sugere que esse tipo de descaso pode ter impactos sérios na interpretação da teoria monetária no Brasil, levantando dúvidas sobre o entendimento de criptomoedas como Nano, Dash e Monero.
Essas discussões evidenciam a complexidade do cenário das criptomoedas e a necessidade de um olhar crítico e bem-informado sobre o assunto.





